Eu tinha apenas 10 anos, mas até hoje me lembro do choro incontido e das lágrimas. Era o descanso de uma moto de brinquedo que tinha ganhado há poucos dias. Eu gostava muito de brincar com essa moto. Nesse dia, perdi aquela pecinha que para mim era fundamental, pois mantinha a moto parada, sozinha, para que pudesse admirar a sua imponência.
Mal sabia que esse era apenas uma pequena amostra do que a viria pela frente. A realidade é que temos que aprender a conviver por toda a vida com as perdas. Elas são inevitáveis. Nada podemos fazer para mudá-las. É por isso que precisamos mudar a nossa maneira de ver as coisas.
As perdas
Você começa perdendo o cordão umbilical e segue, rapidamente, perdendo os dentinhos, as fraldas, o andador. E de repente a vida começa a te dar muitas coisas e você se acostuma.
Por algumas décadas ela vai te dar pais jovens e saudáveis que vão cuidar de você com toda atenção e carinho. Vão te proteger e consolar nos momentos difíceis de sua vida.
Com o tempo a vida te dá ótimos amigos, uma profissão, um diploma. E mais adiante ela vai te dar o que talvez seja o dia mais feliz de sua vida, o seu casamento.
A gente se acostuma em ganhar tantas coisas boas. Se acostuma tanto que chega a acreditar que é assim para sempre.
E aí, vem o primeiro baque: Perdemos nossos avós. Eu nunca conheci meus avôs, somente minhas avós. Mas hoje em dia parece comum ter até bisavôs. Eu nunca vou saber o que é ter um bisavô. Minha avó materna perdi aos 11 anos. Minha avó paterna, aos 20. Era só o começo.
Aos 34 anos perdi minha esposa.
Meus cabelos? Bem, já perdi uns 20% pelo menos, para ser otimista. Dentes? Perdi 2, mas fiz implante.
E meus pais e meus tios já estão com 70 ou mais. Olho para eles e parecem meus avós.
Como digerir tudo isso
Não quero que fique triste com esse choque de realidade. A vida é assim. Nada podemos fazer para mudá-la. Somos nós que temos que fazer as mudanças para digerir tudo isso e aceitar que a vida nos dá muitas coisas boas, mas com o tempo, começa a tomar. Não estranhe. Não se revolte. Não desista da vida por isso. Apenas pense nas coisas boas que pode usufruir, não importa se tem 30 ou 60 anos.
Sim, eu sei que não está entendendo nada ou talvez que discorde desse texto. Há certas coisas que só conseguimos entender quando chega o momento certo. Eu sei que não vai se concentrar nisso e é realmente o certo a fazer.
Hoje vejo o meu presente com outros olhos, contemplando tudo que tenho com muito mais gratidão. Não quero esperar para dar o devido valor apenas quando os perder.
Viver é para os fortes e a vida vale muito a pena.
Viver é para os fortes e a vida vale muito a pena. É um presente do Criador. É assim que encaro. Essa definitivamente não é a única vida. Há muito mais pela frente do que possamos imaginar. Você pode chamar isso de “muleta psicológica” mas eu chamo de fé.