Meu pai sofreu infarto e liguei no 192 em Cascavel
Como tudo aconteceu
No último dia 19 meu pai (71 anos) passou mal em casa. Como ele de tempo em tempo tem crises nervosas, eu não me preocupei tanto com sua queixa, pois achei que fosse mais uma de suas crises, ao qual já socorri e nada de grave foi diagnosticado e tudo foi resolvido com calmantes. Mas dessa vez, era um infarto!
Atendimento pelo SAMU
Dessa vez ele parecia ainda mais agitado do que o de costume e se queixava de dores no peito, braços e mãos. Liguei para o SAMU (192), falei com o atendente e dentro de poucos minutos lá vinha a ambulância prestar o socorro.
Atendimento no UPA Veneza
Os socorristas fizeram exames preliminares e encaminharam ele para a UPA Veneza, em Cascavel. É aí que a história começa a complicar. Mesmo aos gritos no hospital, pedindo socorro, que não deixasse ele morrer (a cena foi bem dramática), demoraram cerca de 40 minutos para atender.
A família, inclusive eu, acreditava ainda que fosse uma crise nervosa e tentava acalmar ele.
Do UPA Veneza para o SEONC (Hospital do Câncer)
Quando finalmente ia ser atendido por uma enfermeira que trazia uma bandeja com injeções e medicações, ele disse que não queria ser atendido ali. Ele recusou o atendimento e pediu para ser levado para o SEONC, pois lá ele faz um tratamento contra Mieloma Múltiplo (Esse problema está sob controle. Faz 2 anos que ele foi diagnosticado e não sofreu por conta disso, nem fez quimioterapia, nem radioterapia. Só tomou medicações e faz acompanhamento de 2 em 2 meses.
Eu pense: E agora? Eu poderia obrigar ele a aceitar as medicações lá na UPA, mas olhando bem pra ele, eu preferi acatar o pedido dele. Assumi o risco e assinei o papel para liberação dele da UPA Veneza e rapidamente segui com ele para o SEONC, sendo o trajeto cerca de 15 minutos no máximo.
Chegando lá ele foi rapidamente atendido. Em menos de 20 minutos a médica já tinha um exame de eletrocardiograma que apontava um diagnóstico: Infarto.
Ela então me disse que o caso era grave e que ele precisava passar por um cateterismo e por uma angioplastia nas próximas 12 horas, sob risco de morte. Foi feito o contato com o Hospital Salete, o “Hospital do Coração” de Cascavel. A propósito, minha mãe também foi atendida lá, onde fez os mesmos procedimentos médicos e está bem até hoje, graças a Deus.
A médica do SEONC pediu a vaga e ficou aguardando resposta do Hospital Salete. Graças a Deus que a vaga foi conseguida em menos de 1 hora. Depois disso foi só aguardar a ambulância para levar para o hospital Salete.
Chegando lá, foi feito os procedimentos médicos citados acima, para desobstrução da artéria. Isso foi feito em cerca de 1 hora após a chegada no hospital. As 4 horas da manhã o médico veio conversar comigo e explicar que agora era só aguardar a recuperação dele.
Alta Médica
Hoje ele teve alta e já está muito bem, tanto que nem esperou ir buscá-lo no hospital. Veio sozinho. Ansiedade era grande para voltar para casa.
Reflexões sobre o caso
A pergunta que fica é: Como a equipe do SAMU e do UPA Veneza não suspeitaram que ele estava enfartando? Como deixaram aguardando mais de 40 minutos? E que tipo de medicações iriam ser administradas nele, sem um diagnóstico preciso? O que teria acontecido se ele tivesse tomado aquelas medicações?
Felizmente essa história teve um final feliz. Mas poderia ter sido desastroso.
Quero deixar aqui meus agradecimentos a médica e enfermeira do CEONC e também as enfermeiras do Hospital Salete que tem uma paciência de Jó e uma calma e controle emocional invejável.
Informação importante sobre direito do paciente
Quero chamar atenção para um ponto muito importante. O Hospital Salete informou através de sua assistente social que é obrigatória a presença de um acompanhante para idosos. Essa informação não procede. O paciente idoso tem direito a um acompanhante. Isso é diferente de dizer que é obrigatória a presença de um acompanhante para o idoso. Veja abaixo:
Lei nº 10.741 de 01 de Outubro de 2003
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico.
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito.
O hospital, diga-se de passagem, pago por nossos impostos, precisa ter médicos, enfermeiras e outros profissionais para cuidar dos seus pacientes e não pode obrigar o familiar a cumprir horário no hospital, como se fosse um empregado do mesmo.
Veja este artigo sobre o assunto:
Hospitais estão ‘obrigando’ familiares a acompanharem idosos 24 horas por dia
Nós pagamos uma acompanhante para meu pai no hospital porque entendemos que devido a seu estado emocional e transtornos mentais crônicos, precisava de um acompanhante. Mas e se não pudesse pagar? E se não pudesse estar ali 24 horas?
É claro que dependendo do estado de saúde dele, era eu que faria questão de estar do lado, mesmo que fosse 24 horas. Mas ele estava lúcido, sem complicações e apenas em observação para receber alta em 2 dias. Eu vi que ele estava bem e por isso pagamos uma acompanhante para não criar atrito com os profissionais do hospital. Mas deixo aqui esse alerta: Você não é obrigado a ficar 24 horas do lado, se não tiver condições.
Alívio
No mais só tenho a agradecer a todos e principalmente ao Criador, pois deu tudo certo.
É bom estar do lado dos pais, pois não sabemos por quanto tempo os teremos e quem já perdeu o pai ou a mãe vai entender o que estou falando.
Um abraço e até a próxima!